Publicado por: José QUEIROZ | 19/05/2014

Autoritarismo e má utilização dos recursos do turismo da Bahia

Autoritarismo e má utilização dos recursos do turismo da Bahia

José Queiroz*

 

 Da mesma maneira que acontece no Brasil, o turismo da Bahia tem sido gerido com o autoritarismo característico do PT, com a agravante do partido não ter experiência, técnicos e conhecimentos, deixando a atividade por conta de operadores de viagem e cargos comissionados divididos entre partidos políticos, sendo que estes últimos têm decidido o destino do setor, ignorando completamente os profissionais do turismo receptivo envolvidos com as instituições de governo, na maioria das vezes direcionando os negócios para seus parceiros privados, como Costa de Sauípe e o receptivo da CVC em Salvador, exclusivos da Grou Turismo, a agência oficial do Governo da Bahia.

O Brasil já tinha a EMBRATUR desde 1966, e continuou com ela e com o novo Ministério do Turismo, criado em 2003, que foi esnobado por partidos políticos no início, por considerá-lo inexpressivo, e a Bahia tinha a BAHIATURSA desde 1968, mas ‘ganhou’ a Secretaria de Turismo em 2007, para acomodar mais correligionários do PT e seus aliados. Mesmo com tantos gestores pensando juntos, decidiu-se suspender a obra de reforma do Pelourinho, medida que só foi possível com a aplicação de uma das mais perversas mentiras do turismo do país: a reforma expulsaria negros e pobres do Centro Histórico. A senadora Lídice da Mata, PSB, usou bastante dessa alegação. É que o Patrimônio da Humanidade em ruína garante verbas de muitas fontes!

O conjunto Baía de Todos os Santos e Recôncavo Baiano é outro motivo para captação, o que foi incrementado neste governo, porém, a famosa Itaparica foi abandonada, o turismo náutico é precário, as estradas são carroçáveis e insuficientes para conectar a região, não há mão de obra qualificada, etc. O que há é projeto, projeto e mais projeto, outra fonte de captação de recursos para partidos políticos. Cachoeira, um dos principais atrativos da região, não tem visitação regular, e Morro de São Paulo precisa de um porto à altura, limpeza constante, e combate à invasão de aventureiros e à violência. É que os gestores do turismo da Bahia são contra ‘Bate e Volta’!

Nesse sentido, Mangue Seco é o mais prejudicado, pois nem acesso para carros comuns tem, dentro do estado da Bahia, sendo preciso entrar em Sergipe para alcançar a famosa praia. Porto Seguro e Ilhéus também precisam de cuidados profissionais, Itacaré precisa de infra estrutura, a Península de Maraú, com as belas praias de Barra Grande e Taipus de Fora, deveria ser mais bem integrada ao turismo da região, e a estrada que liga Ilhéus à Itaparica, via Valença, deveria estar à altura do turismo baiano e da propaganda de governo. Não há ligação regular nem incentivo ao turismo na Chapada Diamantina, e poucos baianos conhecem o Enoturismo, no Vale do São Francisco, em terras baianas. É que operadores de turismo lucram mais vendendo resorts, cruzeiros e Europa!

Salvador também é responsabilidade das quatro instituições gestoras do turismo do estado, e mais a Saltur, e a atual Secretaria de Desenvolvimento, Turismo e Cultura do município. Seis instituições, centenas de gestores, muita verba pública e privada, nacional e internacional, mas ninguém reconhece a necessidade de recuperar física e socialmente o Centro Histórico da cidade, a carência de hotéis, o aproveitamento dos muitos quilômetros de praias bonitas e famosas, mobilidade e segurança. As duas instituições municipais não fazem outra coisa além de planos, promessas e festa, Festa, FESTA!!!! É que muitos gestores públicos não precisam trabalhar para ter dinheiro e gastar em festas!

Vem aí o Carnaval da Copa e o São João do Pelourinho, que nenhum profissional do Turismo Receptivo pediria, nem isto trará nenhum turista! Nenhuma das principais instituições foi dirigida por um profissional deste setor. E são elas que decidem o que fazer – como a recente e arbitrária substituição do presidente da Bahiatursa – e onde gastar os recursos da atividade. Nos últimos anos foram: patrocínio de Stock Car, Paradas Gays, recuperação de feiras livres, como a Ceasinha, recuperação de monumentos que estão fora do circuito turístico, e muita festa. Até parece que a cidade está uma maravilha e o dinheiro sobrando! É que gestores de turismo não conhecem nem sabem quais são as necessidades e prioridades do setor!

*José Queiroz é guia de turismo e agente de viagem especializado em Turismo Receptivo


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